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Diário de Hospital



A intenção que a Tami e eu projetamos para o site é apresentar informações objetivas e concretas sobre o estado de saúde do Benício, sobre as lutas que já enfrentamos e sobre o que precisa ser feito para que ele consiga se tratar, para que ele consiga sobreviver.

Porém, muita gente nos pergunta sobre como foram os dias nos hospital já desde quando estávamos no Ruth Cardoso, então decidimos escrever um diário descrevendo um pouco do que acontece no hospital.
Vamos lá!


Quarta-feira, 20 de dezembro de 2023.

O dia começou com uma coleta de sangue chata, acordando o Benício para fazê-lo e constatar plaquetas a 28 mil, regredindo 6 mil com relação ao hemograma do dia 18.

No final da manhã, a visita médica de praxe, sem muitas informações mas informando que ele seria medicado com imunoglobulina a tarde, e que a medicação teria efeitos colaterais.

Já era nossa segunda internação e já estávamos a alguns dias no Joana de Gusmão, o Benício me pedia para ir pra casa, ficava muitas vezes bravo comigo. Muitas vezes triste... Isso era de cortar o coração.

Por volta das 16:00 duas enfermeiras vieram colocar mais uma vez o acesso venoso, que momento horrível! O Benício estava com as veias dos dois braços todas estouradas de tanto ser furado. Não tinha mais onde furar e a enfermeira disse que teria que fazer na mão. O Benício BERRAVA.

Dentro do hospital o acompanhante é a força do paciente, o apoio, a inspiração, a companhia e a alegria. E é assim que um acompanhante precisa estar, alegre, esperançoso e forte: PARCEIRO, ainda mais acompanhando uma criança de 3 anos.

E nosso emocional? Pois é, as vezes ele falha...

É possível se manter firme por um dia, dois, três, mas uma hora a gente fica mal. Uma hora o emocional sobrecarrega e a gente chora. Pode? Na frente do paciente não... Sempre tentei pelo menos inventar que precisava ir ao banheiro para não chorar na frente do Benício. Mas as vezes não dá.

Esse momento acho que emocionalmente falando tenha sido meu momento mais difícil até então. Tão difícil que edito esse texto quase um mês depois e novamente o que acontece? Faço isso com lágrimas nos olhos. Não é fácil nem de lembrar...

Enfim... Insisti que não queria que colocassem o acesso na mão, por orientação da Tami no sentido de ser o mais doloroso. Uma terceira enfermeira veio e colocou no braço, um pouco acima, com o Benício no meu colo, ainda berrando muito. Eu não fiz barulho, engoli em silêncio, mas chorei mais do que ele, eu estava destruído.

Cerca de uma hora depois ele se acalmou, mas fui avisado de que as 5 ampolas de imunoglobulina teriam efeitos colaterais.

Minha preocupação não me deixou dormir antes das 23:30, mesmo exausto. Vinte minutos depois do meu chochilo veio o primeiro vômito do Benício. O amparei, trocamos os lençóis e cobertor e 15 minutos depois um novo vômito.

Foi medicado para controlar o vômito, ainda teve mais um episódio as 00:20 e depois dormiu sem vomitar mais. Eu não, a cada mínimo barulho eu pulava da minha "cama"(poltrona que se convertia) para olhar como ele estava. Cuidei e orei por toda a noite.

Meu sono foi difícil, entre orações, lágrimas preocupação e me levantando dezenas de vezes durante a noite para ver se ele estava bem. Não dormi nada antes da 01:30, e depois disso foram cochilos de poucos minutos.


Quinta-feira, 21 de dezembro de 2023.

As 05:30 a enfermeira aparece para uma coleta de sangue e tenho a infeliz notícia de que não poderia ser feita pelo acesso, tiveram que furar meu anjinho mais uma vez.

Por volta das 09:00 recebo a visita médica com a informação de que as plaquetas passaram de 50 mil(com menos plaquetas o risco dele não resistir ao centro cirúrgico era grande). Cerca de meia hora depois, bem antes do horário previsto(12:00), fomos levados ao centro cirúrgico. Nesse momento avisei a Tami e ela ficou extremamente triste porque não chegaria a tempo de vê-lo antes do mielograma, imunofenotipagem e biópsia de medula.

O procedimento consistia em anestesiá-lo para que dormisse por algumas horas e pudessem acessar a medula óssea em cirurgia, retirando um fragmento de osso e líquido da medula para posterior análise.

Eu estava tenso, preocupado, aflito e o Benício não parava de chorar, não consegui sequer colocar a bata nele. Foi sedado pelo médico anestesista ainda no meu colo, e o levaram dizendo que o procedimento não iria demorar para estar concluído.

Não sei se em trinta ou quatrenta minutos depois uma enfermeira sai do centro cirúrgico e pergunta se sou o pai do Benício, respondi que sim e ela pediu que eu a acompanhasse. Fiquei GELADO.

Instantes depois ela disse que estávamos indo para a sala de recuperação para que o Benício me visse logo que acordasse, sem que chegasse a chorar por não me ver perto dele.

Ví meu príncipe herói, com máscara de oxigênio e monitorado por aparelhos, estava bem, apenas dormindo. A máscara foi tirada e trouxeram a maca para perto de mim, dizendo que eu poderia ir estimulando ele a acordar.

De forma alguma! A Tami estava a caminho. Conversei com as enfermeiras sobre a liberação dela, ela entrou e em cerca de cinco minutos após sua chegada ele acordou, a olhou nos olhos e balbuciou amorosamente: Eu quero você mamãe…


Até então foram 17 dias de internação hospitalar, mais de uma dezena de exames de sangue em laboratório em BC e algumas tantas consultas médicas ambulatoriais. Cada dia tem muita história, história de dor, de luta e de superação do meu super herói favorito. Ele é tão incrível que faz até com que nós adultos nos tornemos mais fortes...

Por ele,